O INCT do Bioetanol

MENSAGEM DO COORDENADOR

 

Como parte de um grande esforço mundial para produzir maior quantidade de energia renovável o Brasil contribui fortemente através de estudos para aumento da produtividade da cana e bioetanol.

Durante o último século, foram desenvolvidas no Brasil, tecnologias para produzir o etanol de primeira geração que levaram o país a ter 90% dos carros do tipo bicombustível. A consequência da utilização desta tecnologia é a redução da emissão de poluentes proveniente da queima de combustíveis fosséis. 

A energia usada para produzir bioetanol a partir da cana de açúcar é praticamente toda renovável, uma vez que este tipo de energia emite, proporcionalmente, menores teores de CO2 para a atmosfera, pois a  cana de açúcar é capaz de acumular cerca de 20% de sua massa como açúcar (principalmente sacarose) que quando fermentado por leveduras, são transformados em bioetanol.

A perspectiva de melhorar ainda mais este sistema reside na possibilidade de: 1) usar etanol celulósico (também chamada de 2ª geração). Cerca de 2/3 da energia presente na cana (bagaço e palha) é de açúcar presente nas paredes celulares (celulose, hemiceluloses e pectinas) e estes açúcares podem ser utilizados contribuindo para o aumento da produção de bioetanol (cerca de 40%); 2) aumentar a produtividade da cana no campo e, desta forma, o sistema pode ter maior quantidade biomassa por hectare, utilizando menos área plantada e água, aumentando a sustentabilidade da produção bioetanol.   

No entanto, para alcançar estes objetivos, uma grande quantidade de dados científicos precisam ser produzidos para que engenheiros e economistas possam ser capazes de produzir tecnologia economicamente viável. Neste intuito, o INCT do Bioetanol surge, com uma rede de 40 laboratórios engajados nesta missão:Produzir informações científicas necessárias para melhorar o sistema de produção do Bioetanol no Brasil .

Embora a cana-de-açúcar seja a principal planta sob investigação nos laboratórios, outras espécies como eucalipto, agave e modelos como arabdopsis, arroz, milho, bem como espécies nativas brasileiras também são focos do estudo,com o objetivo de entender aspectos de crescimento e desenvolvimento das plantas, a fotossíntese, os mecanismos de defesa, a resistência a seca, entre outras.

Para desenvolver tecnologias que melhoram o etanol de 2ª geração, esses laboratórios buscam compreender a estrutura e arquitetura dos polissacarídeos da parede celular, osmecanismos de ação nas enzimas nos carboidratos, a engenharia enzimáticaa busca por novas hidrolases produzidas por fungos da biodiversidade brasileira, o melhoramento de leveduras capazes de produzir bioetanol a partir de pentoses (açúcares de 5 carbonos).

O INCT do Bioetanol é um programa vinculado ao CeProBio (Centro de Processos Biológicos e Industriais para Biocombustíveis), um projeto que está em desenvolvimento com colaboração da União Européia dentro do Framework Program 7 (FP7). A informação da ciência de base produzida pelos diferentes laboratórios dentro das Universidades é conectada aos centros de desenvolvimento de tecnologias, como o CETENE (Centro de Tecnologia do Nordeste), Embrapa Bioenergia e CTBE (Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol). O INCT do Bioetanol é aberto à colaborações com indústrias e espera transferir as informações científicas com rapidez para que possamos alcançar a sustentabilidade o mais breve possível.

 

Marcos Buckeridge

Coordenador do INCT do Bioetanol